terça-feira, 23 de junho de 2009

La - ços


Eles têm diminuído. Talvez estejam passando por aquela peneira que vai selecionando, não os melhores, mas os que querem ficar, os que precisam ficar, os perenes. As direções são outras, provavelmente, os anseios também sejam...nossas histórias um dia se encontraram, e a partir daquele dia, passamos a partilhar situações, melodramas, comédias, muita comédia. Nossas risadas até se pareciam, nossos gestos ficaram semelhantes, algumas gírias eram singulares, as manias então... Nossas aventuras pareciam não ter fim. Éramos, como todos os adolescentes, os mais perseguidos, mais esculaxados, ninguém nos deixava ser feliz em paz! Nós até sabíamos que um dia íamos rir daquilo tudo, mas preferíamos adiantar esse processo e ríamos ali mesmo, de alegria ou de raiva, mas ríamos. Tudo era muito intenso, parecia que algo queria que nossos laços se fortalecessem bruscamente e, nós não éramos desocupados, pelo contrário, nos ocupávamos uns dos outros...se deixassem nos víamos o dia todo. No entanto, inevitavelmente, não mais do que inevitavelmente, alguém começa a se ocupar de outra coisa, alguém decide crescer primeiro e os laços, não menos fortes vão se afrouxando. Aqueles gestos que eram terrivelmente marcantes, vão assumindo outras particularidades, os melodramas são outros. E começa a nos parecer que amadurecer requer muitas vezes distanciamentos. Temos que aprender a nos virar sozinhos, mas a vida se ocupa de nos mostrar isso tão desacelerado que nem percebemos e, quando damos por conta, já somos outros, nos permitimos outras histórias, outros laços. De repente aqueles laços inabaláveis de outrora se desfazem...completamente é impossível, pois histórias que se cruzam permanecem sempre vivas em algum lugar, mas sabiamente, para não sofrermos de forma brutal com o novo, a vida foi se encarregando de fazer o pior, aquilo que sozinhos nós não conseguiríamos: nos desprendermos. Hoje, olhamos em volta e nos parece faltar alguns pedacinhos de histórias, que em certos momentos soam como perdas, mas provavelmente sejam apenas mudanças, um tanto melancólicas, nostálgicas, mas apenas isso.

3 comentários:

Bruno disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bruno disse...

é.... dificil compreender e de aceitar, mas aquelas amizades verdadeiras antes inabalaveis possuem hj um novo tipo de laço, mais frouxo, porem permanente.

reflexões e relevâncias disse...

Eu não consigo compreender porque as pessoas para conquistar novas amizades tendem a se afastar das antigas...acho que não são amizades,são relacionamentos temporários,deixam marcas mas não deixam história.Belo texto Gi!Bjão!